- Escrito por Lilian Russo
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Os riscos associados à proliferação das bets no país são destaque em Pesquisa FAPESP
A proliferação das plataformas de jogos on-line no Brasil a partir de 2018 e os problemas financeiros e de saúde associados a esse fenômeno são tema da reportagem de capa de Pesquisa FAPESP em outubro. Desde a sanção da Lei nº 13.756 por Michel Temer, mais de 2 mil casas virtuais de apostas – as chamadas bets – passaram a atuar no país.
Segundo especialistas, a cada ciclo de liberação dos jogos há um aumento súbito da proporção de pessoas que desenvolvem transtorno do jogo e buscam ajuda. Esse número volta a cair depois de um tempo, mas sempre para um patamar
superior ao inicial.
Agora, no entanto, há diferenças importantes. Uma delas é a facilidade de acesso. Os jogos de quota fixa liberados em 2018 funcionam por meio de sites ou aplicativos instalados no celular, ao alcance de qualquer um. Outra diferença é a de realizar apostas múltiplas e jogar continuamente.
Ao contrário das casas de apostas virtuais, a participação feminina na política avança lentamente no país. Passados quase 30 anos da primeira legislação criada para estabelecer cotas de gênero em candidaturas de eleições, a representatividade das mulheres na Câmara dos Deputados subiu de 6%, em 1998, para 18%, em 2022. Essa é uma evolução inferior à de países como Argentina e México, que adotaram medidas similares nas décadas de 1990 e 2000 e, hoje, registram 42% e 50% de presença feminina em seus parlamentos, respectivamente. Pesquisas têm mostrado que as características do sistema eleitoral e a dinâmica de partidos constituem barreiras à ascensão feminina na administração pública brasileira.
O primatologista e veterinário carioca Milton Thiago de Mello, morto em 1º de outubro aos 108 anos, é um dos entrevistados do mês. Entre os destaques de sua carreira estão o combate à brucelose, zoonose do gado bovino, no Brasil e na América Latina. Ele também foi o primeiro produtor de penicilina no país, em um experimento feito no porão do então Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, durante a Segunda Guerra Mundial. Além disso, ajudou a formar líderes na área de primatologia ao criar cursos de especialização a partir da década de 1970, com atividades no meio da floresta em diferentes biomas brasileiros.
O outro entrevistado é o filósofo francês Francis Wolff, professor emérito aposentado da Escola Normal Superior de Paris que também já lecionou na Universidade de São Paulo (USP). Aos 74 anos, Wolff é considerado um dos grandes especialistas no pensamento de Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), mas sobretudo nas últimas duas décadas vem deslocando seu olhar para o mundo contemporâneo.
A edição também traz reportagens sobre empresas que testam inovações em ambientes regulatórios experimentais conhecidos como sandboxes; um monóculo para detectar imagens no escuro criado no país; e as contribuições brasileiras para o maior experimento internacional sobre neutrinos.
Esses e outros conteúdos podem ser acessados gratuitamente em: https://mailchi.mp/fapesp/transtornos-do-jogo.
Fonte: Agência FAPESP
(ilustração: João Montanaro)